domingo, 11 de novembro de 2007

Dois rostos do humanismo alemão

A exposição de 'Durer e Cranach, Arte e Humanismo na Alemanha do Renascimento', no Museu Thyssen-Bornemisza e na Fundação Caja Madrid, fornece pistas para descobrir o Renascimento alemão. A entrada do Museu anuncia a exposição que confronta dois tipos distintos de humanismo. A mostra reúne 234 obras oriundas de 15 países e pode ser vista em dois momentos que têm início na sala de exposições temporárias do Museu, o primeiro dos quais intitulado 'Os artistas e o seu mundo'. Aqui somos invadidos pela relação dos pintores com Itália e o Renascimento. A relevância é dada à imagem do homem no retrato e na medida. Um trilho pictórico que apresenta a estética dos dois pintores e a sua ideia de nu, com Cranach a demonstrar a sua mestria em torno do nu feminino.

O momento que se segue é a entrada da fundação a comunicar que esta (segunda) secção se intitula 'Um Mundo em Conflito' e permite interpretações diferentes da primeira visita. Neste espaço encontram- se os ecos das circunstâncias que a guerra e a religião tiveram na vida dos artistas. A representação da guerra é um tema muito trabalhado na Alemanha do séc. XV e início do séc. XVI e está bem patente na mostra de Durer, que desenhou armaduras para o imperador Maximiliano e trabalhou na representação do acto bélico. Como continuidade desta sua ´paixão', o humanista alemão escreveu um Tratado de Fortificações, dedicado ao estudo da balística e canhões. Podem observar-se as inovações do pintor ao representar o soldado a pé e a infantaria helvética. Uma novidade para a época.
A interacção dos dois artistas com a religião é outro ângulo de leitura proposto na exposição patente na Caja Madrid. Através de um enquadramento histórico sabe-se que Durer viveu no começo da 'era Lutero' e admirava Erasmo. Era corrente colocar-se a questão segundo a qual a imagem religiosa poderia ser positiva para a fé, mas -- na procura da resposta -- nunca entrou em fundamentalismos conducentes à destruição de imagens. Com um espírito livre estava condicionado politicamente devido à sua condição de pintor imperial. Também presentes na Caja Madrid estão as gravuras que Durer produzia e vendia como complemento da pensão imperial paga por Maximiliano e Carlos V.








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