sexta-feira, 9 de novembro de 2007

D.Paula, a Rainha do Museu

A rainha Paula Rego instalou-se em Madrid para uma das maiores e mais completas mostras realizadas sobre a pintora portuguesa. Passado mês e meio sobre a inauguração da exposição, é muito significativo observar o número de visitantes que continuam a acorrer ao museu, em forma de inúmeras filas. Depois de se entrar, o universo de Paula Rego estende-se diante dos nossos olhos, num carrossel que ultrapassa as 230 obras entre desenhos (60), gravuras (60), estudos e toda a vasta pintura que celebrizou internacionalmente a pintora. O primeiro momento situa-se nos anos 50 e 60, e mostra os primórdios da carreira da artista, com quadros da época em que frequentava a Slade School of Fine Arts, em Inglaterra. Destaca-se a tela de 'Salazar Vomitando a Pátria'. Seguem-se telas de colagens que nos transportam para o imaginário infantil da pintora e o uso de modelos tendencialmente do sexo feminino, pormenor bem patente em toda a obra da pintora. Paula Rego deixou de fora desta mostra uma fase menos positiva da sua vida, pautada pela morte do pai e doença prolongada do marido, o artista Victor Willing, que também viria a falecer. O tipo de relação afectiva que mantinha com o marido está ilustrada no célebre quadro em que uma rapariga tem um cão ao colo e lhe dá de beber num copo. Depois deste passo de gigante no tempo surge uma artista regenerada. Os olhares que se seguem pelos quadros colocam-nos no 'Reino de Lilliput', tal o tamanho das telas, o volume e a sombra que se impõem, tornando-nos miniaturas junto delas.
O quadro 'Mulher Cão' marca a passagem para o pastel. No catálogo da exposição pode ler-se que ' quando Paula Rego pintou este quadro 40 anos mas tarde, não se recordava de já ter feito algo semelhante' e só ' ultimamente descobriu o desenho original num caderno antigo'. Toda a força que emprega na utilização deste material está bem patente em séries como 'As Avestruzes Dançarinas', 'Aborto' ou o 'Crime do Padre Amaro', entre outros.
Deve ser um orgulho para os portugueses verificar que um grande talento como Paula Rego atrai a atenção de um conjunto tão diversificado de curiosos e amantes de arte, como se pode verificar na visita realizada à exposição.








1 comentário:

Anónimo disse...

A evolução na obra de Paula Rego está presente nas paredes do 'Rainha Sofia'. Interessantes os recortes e as colagens na primeira fase da vida artística da pintora portuguesa.
Mas o que marca mais na exposição é o (indirecto) carácter político que emana das suas obras.